Podes até achar que os rios não servem para mais nada, a não ser para serpentearem até ao mar, mas estás muito enganado. Até os rios mais preguiçosos são muito trabalhadores. A água em movimento possui um grande poder. É tão poderosa que, com o passar de milhões de anos, pode alterar para sempre uma paisagem. No entanto, a água não faz sozinha esse trabalho. O rio arrasta consigo toneladas de rochas, de lama e de areia, que funcionam como arestas. Mas, como é que o fazem?
EROSÃO*
2. Alguma destas descargas dissolvem-se na água. São esses bocados que fazem que, por vezes, a água seja dura e deixe calcário nas cafeteiras. Outros bocados continuam a flutuar na água. As rochas maiores e os seixos afundam-se até atingirem o leito do rio ou vão saltitando pelo fundo. Os chatos dos geógrafos chamam a isto descarga do leito.
3. A água pura é praticamente transparente e incolor. Mas quem é que quer um rio assim tão chato? A maior parte dos rios são de um tom castanho lamacento. Mas nem todos. O rio Amarelo, na China, é, como já deves ter adivinhado, amarelo! Também é chamado Huang He. Isto acontece devido a toneladas de solo amarelo que se soltam da terra e se misturam na água. Tornando-o tão lamacento que os chineses dizem que se caíres lá dentro nunca mais voltas a ficar limpo. Também costumam dizer «quando o rio for transparente», quando se referem a alguma coisa que possivelmente nunca irá acontecer.
4. Alguma da descarga raspa e esfrega o leito do rio como se fosse uma lixa gigante ou um esfregão. Outros bocados batem contra a rocha como um martelo gigante. Não admira que as rochas se desfaçam com a pressão.
5. Quanto mais depressa um rio corre, maiores e mais pesadas são as pedras que consegue arrastar, mais depressa vai provocando a erosão do leito. Quando o rio acalma, na meia-idade, a sua descarga aumenta, mas é na sua maior parte composta por lama e areia. Perto do mar, o rio perde a energia e larga a sua descarga. Já não consegue arrastar mais terra no meio de erosão. Seria um trabalho muito duro.
6. A erosão é normalmente tão lenta que nem se dá por ela. Para notares a diferença, terias de andar por cá durante milhões de anos. É este o tempo que demora a talhar horríveis rasgões no solo, que se chamam vales. Têm a forma de um «V». (Por vezes encontras vales sem rios, porque eles secaram e deixaram um vale para trás.) Os desfiladeiros são vales com paredes muito íngremes e nuas.