Apesar das condições terrivelmente severas, uma espantosa população de 500 milhões de pessoas — cerca de 1 décimo da população mundial — vive em montanhas. Mas, então, como é que essas pessoas aguentam a vida nos picos?
Os índios Quéchua vivem bem no cimo das montanhas dos Andes, na América do Sul. Vivem sobretudo das suas colheitas, de batatas, de cevada e de milho. Possuem também gado, ovelhas, galinhas e… lamas. À medida que vais subindo na montanha, o ar rarefeito da montanha pode deixar-te tonto e com falta de ar. É por isso que os destemidos Quéchuas tem corações e pulmões ligeiramente maiores do que a maior parte das pessoas, para fornecer mais oxigénio ao sangue.
Encontraram também formas de suportar as gélidas temperaturas das montanhas. Enquanto tu estás a pôr outro par de meias de lã de lama nos pés, eles andam descalços na neve, sem problemas. Isso, porque os seus pés têm mais vasos sanguíneos, o que impede que arrefeçam, e assim é menos provável terem queimaduras causadas pelo frio. Uma façanha notável.
Regalias dos picos
Viver nas montanhas é difícil e muitos povos dos picos são muito pobres e lutam pela sobrevivência. É por isso que muitos abandonam as montanhas e tentam a sua sorte nas grandes aldeias e nas cidades. Contudo, nem tudo é negro. Até mesmo o pico mais assustador tem as suas vantagens. Seguem-se quatro coisas estranhas que talvez não estivesses à espera de encontrar no topo de uma montanha.

1. Água maravilhosa. É vital para te manter vivo. Sem ela morrerias numa questão de dias. A maior parte da água que bebemos vem de rios. Mas será que sabes onde começam esses rios? No topo das montanhas, é claro.
Alguns dos maiores rios da Terra começam como pequenas linhas de água. Umas escorrem de grandes lagos das encostas. Outras, das extremidades de gélidos glaciares. Acredites ou não, cerca de metade da água potável do mundo vem destas linhas de água dos picos.
2. Eletricidade chocante. A água não serve só para beber. Através dela também se pode fazer eletricidade. (Pensa nisso da próxima vez que ligares o teu computador.) Se viveres perto de uma montanha, provavelmente é isto que está a acontecer…
3. Campos delicados. Muitos povos dos picos vivem da agricultura. É um trabalho duro que dá cabo das costas. Aqui não vais encontrar um campo plano e verdejante onde semear as tuas colheitas; o solo é demasiado pobre e árido, e as encostas são demasiado escorregadias e inclinadas. Então, como é que fazem os agricultores?
Os agricultores sherpas do Nepal talham enormes degraus nas encostas das montanhas (socalcos) e utilizam-nos como campos de cultivo. Em seguida, constroem muros em seu redor para segurar o solo e a água. Espertos, hem? Nestes degraus plantam batatas, arroz, trigo, cevada e damascos. Têm também animais, ovelhas, cabras e gado. No Inverno, mantêm os animais dentro de casa ou em vales mais quentes. No Verão levam-nos para o cimo das montanhas para pastarem nos pastos verdes e luxuriantes das alturas.

4. Ouro reluzente. Uma coisa que há aos montes nas montanhas são rochas. Pilhas e pilhas delas. Mas, se escavares um bocadinho, és capaz de ficar espantado. Algumas montanhas são ricas em ouro, prata, cobre, estanho e outros metais preciosos. (Já para não falar nas maravilhosas pedras preciosas, como os rubis e as esmeraldas.) A a exploração mineira desses metais é um grande negócio. Mas procurar ouro é horrivelmente arriscado. Podes ter sorte ou não. E demora muito tempo a construir uma mina de ouro, porque algumas têm milhares de metros de profundidade.
Mas se estás farto da tua miserável mesada, por que não vais peneirar ouro?

Do que precisas:
• Uma peneira ou uma panela grande
• Um rio de uma montanha
• Lidite (uma pedra negra)
• Toneladas de paciência
O que fazer.
a) Mergulha a tua peneira na água e enche-a de água e areia.
b) Rodopia cuidadosamente o teu passador para fazer sair a areia e a água.
c) O ouro fica no teu passador em flocos, areias ou pedrinhas.
d) Para veres se o teu ouro é verdadeiro, risca-o com a tua lidite. Se surgir um risco amarelo… parabéns!
Tiveste sorte. (Se não, foste enganado. É provavelmente uma rocha amarela chamada pirite ou «ouro dos tolos»).