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Desertos escaldantes...!Mas, afinal, o que são os desertos e quem lhes deu esse nome tão desesperado?
Aviso — para o que se segue vais ter de usar a imaginação. Então, aqui vai. Imagina que estás a caminhar por uma praia arenosa num dia de vento. (Tapa os ouvidos com os dedos para não ouvires o mar.) Estamos no pino do Verão e faz um calor de rachar. Não está por ali mais ninguém. A tua pele começa a arder e os teus lábios estão secos e salgados. Tens a garganta tão ressequida que mal podes engolir. E o vento, quando sopra, faz voar a areia, que te pica o rosto. Mas, acima de tudo, estás morto por beber qualquer coisa. O problema é que, quilómetros e quilómetros à tua volta, não há nada senão areia. Nem água, nem sombra, nem a carrinha dos gelados. Um desespero, não é? Bem-vindo ao deserto!
Talvez não haja nenhum deserto perto do sítio onde vives, mas desertos é coisa que não falta. Na realidade, os desertos cobrem mais de um terço da superfície da Terra e não param de crescer. Mas, afinal, o que são os desertos e quem lhes deu esse nome tão desesperado? Os geógrafos não chegam a acordo (para variar). Há quem culpe os antigos romanos… Outros culpam os antigos egípcios…
Quem quer que tenham sido os primeiros a ter a ideia, a palavra deserto ficou. Embora seja um mistério a razão por que os romanos tinham uma palavra para definir o deserto quando viviam no meio da Itália. Os egípcios, por outro lado, eram peritos em desertos. Viviam no Sara, que, como sabes, é o maior deserto da Terra. Não é que o visitassem muitas vezes. Pensavam que o deserto estava cheio de demónios e que quem fosse suficientemente louco para ir para lá passear, possivelmente, teria o que merecia.
Há duas formas seguras de descobrir que estás num deserto (se é que ainda não tiraste essa conclusão). Falando de modo geral, os desertos são:
1. Quentes como o Inferno
Durante o dia, os desertos podem aquecer horrivelmente, chegando a atingir temperaturas superiores aos 50° C. À SOMBRA!
Pois é, no deserto também há sombras, é preciso é saber encontrá-las. Podes procurar uma das raras árvores ou arbustos, ou uma gruta sombria. O calor do solo é suficiente para estrelares um ovo e torrares os dedos dos pés! A temperatura mais alta registada na Terra foram uns escaldantes 82° C no Sara. Para fazeres uma ideia dessa temperatura, pega no dia de Verão mais quente que consegues imaginar. Agora, multiplica por dois. É quente, não é? Mas de noite é outra história. Como não há nuvens para prender o calor, as temperaturas podem descer bruscamente, muito abaixo de 0o C. Os Invernos do deserto são ainda piores. Agasalha-te bem se estás a planear umas férias de Inverno no deserto de Gobi. Podes contar com temperaturas de bater os dentes: -21° C e mais baixas. Brrr! Pensando bem, se calhar é melhor ficares em casa.
2. Seco como um osso
Se vais para um deserto não leves o guarda-chuva. (Pensando melhor, leva-o, vai dar uma boa sombra.) É extremamente improvável que chova. E por isso que o deserto é muito seco. Os geógrafos classificam como desertos os lugares que recebiam menos de 250 mm de chuva por ano. Isso é mais ou menos o total de água que utilizas para tomar banho… Isto parece uma grande quantidade de água, mas está espalhada por todo o deserto. Mas agora eles mudaram de ideias. (Os geógrafos estão sempre a mudar de ideias.) Agora usam um sistema todo moderno chamado índice de aridez.
Testa a secura do “teu” deserto
Versão 1: Que faria um cientista de desertos: a) Medir a quantidade de chuva que cai durante um ano no deserto (usando equipamento de alta tecnologia, como indicadores do nível da chuva, radares e satélites). b) Medir a quantidade de água que se evapora (que seca) por ação do Sol (usando mais equipamento de alta tecnologia). c) Dividir b) por a)
Versão 2: Se não conseguires ir a um deserto para fazer esta experiência, não te preocupes. Podes sempre tentá-la em casa. O que tu podes fazer: a) Conta o número de latas de sumo que tens no frigorífico; vamos supor que são duas. b) Em seguida, conta o número de amigos que estão em tua casa e querem uma bebida; vamos supor que são oito. c) Agora, divide o número de amigos pelo número de latas, e obterás um índice de aridez de quatro! (8:2 = 4)
Parabéns! A tua casa é, oficialmente, um semideserto. Dá-te por feliz por não viveres no escaldante Saara. Tem a incrível pontuação de DUZENTOS no índice de aridez. O que significa que perde duzentas vezes mais água do que a que recebe. Ainda é MAIS seco do que um osso! Mas por agora chega de matemática. Como recompensa, podes ir beber uma lata de sumo!
Os desertos são verdadeiros artistas…
Nos desertos podemos encontrar cogumelos gigantes e barcos voltados ao contrário? E enormes mesas de pedra? No deserto, claro. Tratam-se de rochas esculpidas pelos elementos.
Ao longo de milhões de anos, os elementos atmosféricos foram desgastando a paisagem do deserto. Geograficamente falando, este desgaste tem o nome de erosão. Chegou o momento de saber quais os principais agentes envolvidos:
• Calor e frio. Dias escaldantes seguidos por noites gélidas têm um efeito esmagador sobre o deserto. Durante o dia, as rochas aquecem e dilatam-se. De noite, contraem-se com o frio. Depois volta tudo ao princípio. Dia após dia. Com o tempo, estes aquecimentos e arrefecimentos têm consequências Ouve-se um ensurdecedor BAAANNGG! e as rochas rebentam e desfazem-se em bocadinhos.
• A chuva. No deserto, ou oito ou oitenta. Quando chove, são chuvadas súbitas capazes de devastar a paisagem. Num minuto está tudo seco como um osso e no minuto seguinte uma inundação-relâmpago avança na tua direção. As inundações-relâmpago escavam sulcos profundos nas rochas e arrastam toneladas de areia e de rochedos. Quando a chuva para, a água perde velocidade e deixa cair a sua carga. E em seguida evapora-se.
• Violência do vento. Para além de fazer mover as dunas, o vento faz com que os grãos de areia saltem contra o solo. Os geólogos chamam a isto saltação. O que sucede é o seguinte:
1. O vento levanta do chão um grão de areia.
2. Este dá um salto para o ar.
3. E depois cai no chão.
4. Depois começa tudo de novo…
5. E o grão de areia é obrigado a saltar sobre o chão. Boingggg!
Que é que isto tem a ver com a erosão? Bom, o vento atira a areia contra as rochas do deserto, o que as desgasta como um gigantesco, pedaço de lixa. Mas a areia, ao saltar, não sobe muito. Raspa as rochas junto do solo mas não chega à parte de cima. Isto continua durante anos e anos, até que o resultado é uma rocha com a forma de um mega cogumelo! Consegues ver as diferenças?
Estás a andar a pé há dias e dias. Viste dunas de areia e cogumelos de pedra que chegam para uma vida inteira, mas ainda não encontraste um único ser vivo — planta, animal ou ser humano. E estás a começar a sentir a solidão. O desespero por uma companhia ataca-te? Boas notícias!
Um deserto pode parecer mortalmente silencioso e ermo, mas em geografia as coisas nem sempre são o que parecem. Apesar das condições horrivelmente hostis, os desertos secantes são surpreendentemente movimentados e habitados. Para centenas de animais e plantas resistentes, os desertos são o lar, doce lar. Então, como é que eles não ficam todos esbaforidos com o calor? Prepara-te para umas surpresas escaldantes.
Há dezenas de animais ousados que fazem do deserto a sua casa. Mas como é que eles conseguem? Como é que aguentam o calor e a falta de água? Há dois grandes segredos que lhes permitem sobreviver.
a) Encontrar água. Todos os seres vivos precisam de água para sobreviver. (E isso inclui-te também a ti). Sem água, o organismo não consegue funcionar devidamente.
b) Conservar-se fresco. O deserto é quente. Mortalmente quente. Principalmente, durante o dia. (Por isso é que não se vêm muitos animais. Estão todos a dormir profundamente num sítio fresquinho. Zzzzzz.)
Experimenta este teste fresquinho para ficares a saber como é que alguns dos animais do deserto conseguem sobreviver.
1. O que bebe um tenebrião da Namíbia?
a) água da chuva.
b) nevoeiro
c) sumo de cato?
2. Como é que um ganga-corado vai buscar água para os filhos?
a) no bico
b) num balde
c) nas penas
3. O que usa uma marmota para se abrigar do sol?
a) a cauda
b) um companheiro
c) um camelo
4. Para que é que a raposa-do-deserto utiliza as orelhas?
a) para radiadores.
b) para leques.
c) para ouvir.
5. Como é que uma serpente atravessa a areia quente sem se queimar?
a) pedindo boleia a um camelo.
b) voando por cima da areia.
c) deslizando de lado.
Vê aqui as respostas
Para que pode servir um deserto? Talvez penses que não serve para nada. Afinal, os desertos não são mais do que uma quantidade de pedras inúteis espalhadas pela areia, pois não? Mas as aparências podem enganar. Se arranhares um pouco a superfície do deserto, talvez tenhas uma surpresa. Enterrados sob a areia encontram-se alguns despojos do deserto úteis.
1. Sal. O sal não é apenas saboroso nas batatas fritas, pode realmente salvar-te a vida. É verdade! Por incrível que pareça, o teu corpo precisa de oito colheres de sopa de sal por dia para permanecer vivo. O sal mantém o corpo em estado de funcionar. Normalmente, a maior parte deste sal vem dos alimentos que comemos. No entanto, no desesperante calor do deserto, perdemos colheradas de sal com o suor. Por sorte, sal é coisa que lá não falta. Há milhares de anos que se extrai sal do deserto. O que sucede é o seguinte:
— Uma das raras chuvadas enche um lago seco.
— A água absorve o sal do solo (o solo do deserto é seriamente salgado).
— Depois, o sol faz evaporar a água…
— …deixando uma espessa camada do sal que salva vidas.
2. Diamantes ofuscantes. Diamantes no deserto? Parece bom de mais para ser verdade? Para veres com os teus próprios olhos, vai ao deserto do Namibe. Escondidos sob as suas dunas de areia, que estão sempre a mudar de posição, há dúzias de ofuscantes diamantes. Formaram-se há dezenas de milhões de anos, quando o elemento químico carbono, nas rochas subterrâneas, foi aquecido a temperaturas incrivelmente elevadas por uma erupção vulcânica.
Pois é, há dezenas de milhões de anos as coisas no deserto eram muito diferentes. Depois, o carbono arrefeceu e formou os diamantes. Claro que inicialmente os diamantes não são finos e cintilantes. (Também, com milhões de anos de idade, quem seria?) Estão enterrados debaixo de toneladas de cascalho e poeira. Mas são recolhidos e enviados para uma fábrica de processamento, onde serão peneirados para extrair todas as belas pedras preciosas. E isto não se fica pelos diamantes. Nos desertos também se pode encontrar ouro, prata, opalas, cobre e ferro.
3. Vidro cintilante. Se não tiveres dinheiro para diamantes, não te preocupes. Que tal uma bocadão de vidro cintilante? É tão bonito como um diamante e não te vai custar nada. No arenoso Sara encontram-se zonas cobertas por pedaços de vidro amarelo-esverdeado (alguns do tamanho de bolas de futebol). Os cientistas pensam que poderão existir mil e quatrocentas toneladas desses pedaços de vidro espalhados pelo Sara (por isso, um bocadito não ia fazer falta). Mas de onde é que veio tanto vidro? Segundo uma das teorias, há milhões de anos, um enorme meteorito esmagou-se contra a Terra e derreteu toneladas e toneladas de areia. Depois, a areia arrefeceu e transformou-se em vidro sólido. Faz sentido!
4. Eletricidade económica. Uma coisa que não falta no deserto é a luz do Sol. Apanhas com o sol em cima quase todo o dia. É quente e é também horrivelmente útil. Como? Bem, numa central de energia solar, a luz do Sol incide sobre células solares (como as da tua calculadora solar) e transforma-se em electricidade. Esta pode ser usada para bombear a água do subsolo ou para aquecer água para as casas das pessoas. E barata, é limpa e não se esgota. E os geógrafos horríveis nunca a acham de mais! A maior central de energia solar do mundo encontra-se no deserto de Mojave, na Califórnia.
Sabias que há mares no deserto? Mares de areia, claro! Com ondas de areia e tudo. Como é possível? Bom, o vento, ao atravessar o deserto, varre a areia e com ela, forma dunas gigantes, com o feitio de ondas.
As maiores dunas de areia atingem os 200 m de altura (vinte vezes o tamanho da tua casa) e 900 m de largura.
As dunas de areia não surgem por acaso. O vento empurra a areia formando diversos padrões que se repetem muitas vezes. O tamanho e a forma das dunas de areia dependem da velocidade e da direção do vento.
Duna Barcana – Dunas de areia em forma de crescente. Originam-se quando o vento sopra sempre na mesma direção.
a) o vento empurra a areia. Se ela encontra um obstáculo – uma rocha, um arbusto ou um camelo morto, por exemplo -, o movimento da areia abranda.
b) a areia deposita-se e começa a amontoar-se
c) o vento obriga-a a subir o lado da duna, cada vez mais alto, até chegar lá acima…
d) então, ela desaba e escorrega pelo outro lado.
Duna Seif – quer dizer espada em árabe. E espada é um ótimo nome para estas belezas devido aos seus cumes afiados como laminas.
São dunas serpenteantes, formadas quando o vento sopra de duas direções opostas. São altas, atingindo os 200 mt. De altura e até 100 km de comprimento.
Dunas Transversais – sulcos longos e arredondados de areia, como gigantescas ondas arenosas. Podem chegar a ter 300 km de comprimento.
Formam-se perpendicularmente à direção do vento.
Os vales entre elas são tão retilíneos que poderiam se percorridos por um camião.
Duna em Estrela – formam-se quando o vento está sempre a mudar de direção.
Parecem estrelas do mar gigantescas a rastejar pela areia.
Os desertos são muito sensíveis. Um passo em falso e, antes de darmos por isso, temos em mãos um deserto completo. Mas será tudo negativo? Os desertos vão realmente tomar conta de tudo? Que está a ser feito para os deter?
Felizmente, as pessoas estão a fazer tudo o que podem para deter a degradação. Os habitantes dos desertos em todo o mundo estão a esforçar-se por fixar a areia. Mas é complicado, é caro e muitos países nesses territórios são muito pobres. Não têm dinheiro suficiente para a comida, quanto mais para desviar os desertos. E um dilema desesperante. Seguem-se apenas algumas das coisas que estão a ser experimentadas.
1. Plantar árvores. As raízes das árvores enfiam-se no solo e não deixam o vento levá-lo tão depressa. Além disso, as árvores actuam como quebra-ventos, diminuindo a velocidade das rajadas de vento. Na Etiópia, nos últimos dez anos, as pessoas plantaram quinhentos milhões de resistentes eucaliptos e acácias. É preciso cavar uma quantidade horrorosa de buracos.
2. Pedras para conter o solo. Em África, os agricultores dispõem filas de pedras através dos campos. Estas impedem a chuva de arrastar o solo. É simples mas brilhante. Em apenas alguns anos, os agricultores podem duplicar as suas colheitas e armazenar alguns cereais para o caso de a seca voltar a atacar.
3. Uma carrada de esterco. Este é mais um ancestral processo dos habitantes locais para voltar a tornar verde o deserto. Por que é que não experimentas?
Vais precisar de:
— Cocó de vaca; Uma pá; Sementes de relva; Uma mola de roupa.Instruções:
a) Escava no chão um buraco semicircular. (Parece que é a forma que dá melhores resultados. Mas não precisas de ser demasiado exigente.)
b) Depois, enche-o de cocó de vaca. (É aqui que vais precisar da mola.)
c) Espalha as sementes sobre o cocó.
d) Espera uns meses. (Habituas-te depressa ao cheiro.)O que vais ver:
A água condensa-se no cocó quentinho e faz germinar as sementes de erva. Em breve, a areia ficará coberta por uma luxuriante erva verde. E que, já agora, é fantástica para alimentar as tuas vacas! Depois, é só esperar umas horas, pegar na pá e voltar ao mesmo.) Não te esqueças de tirar a mola do nariz.
4. Areia atapetada. No deserto do Gobi, as pessoas espalham tapetes de palha sobre as dunas de areia para as impedir de avançar. Os tapetes são espalhados como os quadrados de um tabuleiro de xadrez. Assim, interrompem o curso do vento, tornando-o muito mais fraco e deixando-o sem a força necessária para movimentar a areia.
5.Uma opção oleosa. Na Arábia Saudita, as dunas de areia em movimento enterram quintas e aldeias e entopem oleadutos vitais. Mas que se pode fazer? Um dos processos consiste em borrifar a areia com petróleo (depois de ter desentupido o oleaduto, claro). É rápido e barato e consolida.Tal como os professores de Geografia, os desertos são todos diferentes. Mas têm uma coisa em comum: são todos desesperadamente secos e poeirentos (um pouco como os professores de Geografia).
No deserto há ventos muito fortes porque não existe nada que os abrande. Varrem o chão a grande velocidade, erguendo enormes nuvens de poeira sufocante.
Se estás a morrer de sede mas ainda falta uma hora para o almoço, experimenta dar graxa ao professor com um bocadinho de grego antigo. Levanta a mão e diz:
Ele vai ficar tão espantado que, de certeza, te deixa ir. Mas, afinal, que é que disseste?
Resposta: Eudípsico é a palavra técnica que significa estar com sede. Se gostares mesmo muito de te exibir, podes tentar hiperdípsico, para dizer que estás com muita sede, e polidípsico, para dizer que estás com uma sede tão desesperada que serias capaz de beber qualquer coisa.
Estás desesperado para sair de uma secante aula dupla de Geografia? Experimenta fazer à professora um sorriso débil e dizer:
Haverá um grão de verdade no que estás a dizer?
Resposta: Por incrível que pareça, há. Pelo menos, no caso do geógrafo alemão Herr van der Esch. As tempestades de areia punham-lhe a cabeça a latejar terrivelmente. Porquê? Bem, du¬rante uma tempestade de areia, biliões e biliões de grãos de areia chocam uns contra os outros. Isto origina uma fricção que produz uma quantidade de eletricidade estática a crepitar no ar. O que dá a algumas pessoas uma tremenda dor de cabeça. Coitadas.
Nunca faças a um geógrafo uma pergunta simples, a não ser que tenhas muito tempo livre.
1. Um perito em geografia é capaz de ficar a falar pelos cotovelos sobre sedimentação eólica até tu adormeceres. Mas a resposta mais simples é que a areia é constituída por minúsculos fragmentos de rocha com uma espessura entre 0,2 mm e 2 mm.
2. A areia nem sempre é cor… bom… cor de areia. Por vezes, é negra, cinzenta ou verde. Depende do tipo de rocha a partir da qual se formou.
3. Há geógrafos que têm outra teoria para explicar a formação de alguns desertos de areia. Segundo eles, a areia foi espalhada por terríveis furacões. E difícil dizer se eles têm ou não razão. Afinal, esses furacões deram-se há dezoito mil anos, e nem mesmo o teu professor de Geografia se consegue lembrar de coisas tão antigas.
4. Pode dizer-se que, estritamente falando, o espetacular Sara é o deserto mais arenoso do mundo. Mas isso é por ser tão grande.
5. Por outro lado, a maior extensão só de areia é o Rub al Khali, ou “Quarto Vazio” no deserto da Arábia. Cobre uma superfície de 560 000 km – mais ou menos o tamanho da França. Fantastique! Mas não esperes encontrar lojas a vender le melhor pão e queijo francês. Não é por acaso que lhe chamam vazio.
6. Imagina a cena. Encontras-te no deserto, a sonhar com uma bebida fresca, quando, de súbito, a areia começa a cantar! Sim, ouviste bem — a areia começa a cantar. Como é a canção? Depende. Umas vezes é um profundo e ressonante zumbido, outras, um soprano estridente. Os geógrafos não sabem ao certo o que faz com que a areia cante.
Segundo uma das teorias, isso deve-se ao facto de cada um dos grãos de areia estar coberto por uma camada brilhante de uma substância chamada sílica. Esta faz com que os grãos de areia permaneçam juntos. Quando pisamos uma duna, espalhamos a areia e o movimento faz com que ela cante. Ou coisa parecida. E caso para dizer que não são só as tunas que cantam, são também as dunas. Hum!
Um geomorfologista é um geógrafo que estuda as características geográficas do deserto. Vê se tens os conhecimentos necessários com este teste.
1. Erg é uma doença fatal do deserto. Verdadeiro/Falso.
2. Reg é um camelo com uma única bossa. Verdadeiro/Falso.
3. Wadi é um rio seco no deserto. Verdadeiro/Falso.
4. Mesa é um tipo de montanha. Verdadeiro/Falso.
5. Feche feche é um vento forte do deserto. Verdadeiro/Falso.
6. Playa é um lago salgado. Verdadeiro/Falso.
Vê aqui as respostas
1. Não consegues distinguir um camelo do outro? Simples — basta contar as bossas. Um camelo com uma única bossa é um dromedário. Vive na Arábia, na Ásia e na África. Os camelos de duas bossas são os camelos-bactrianos. Vêm do deserto do Gobi. Para poderem enfrentar o Inverno gélido cresce-lhes uma grossa pelagem felpuda.
2. Os camelos podem passar dias e dias sem beber uma gota. Mas ganham uma sede terrível. E quando chegam ao pé da água, são capazes de beber a impressionante quantidade de 130 lt. em apenas quinze minutos! Capaz de fazer explodir qualquer um.
3. Não serias capaz de reconhecer os primeiros camelos. Tinham pernas curtas e atarracadas e eram do tamanho de um porco. E não tinham bossas. Viveram há cerca de quarenta milhões de anos na América do Norte.
4. Os camelos são muito úteis. Em primeiro lugar, são capazes de caminhar quilómetros e quilómetros sem comer nem beber. E transportam cargas até cem quilogramas (o mesmo peso que tu e mais dois amigos). Dá muito jeito para transportar a tenda de um lado para o outro. E ao contrário dos automóveis e dos outros veículos do deserto, os camelos não ficam atolados na areia.
5. Certos habitantes do deserto fazem dos camelos o seu meio de subsistência. Compram-nos e vendem-nos nos mercados de camelos (os camelos brancos são os mais valiosos). Quantos mais camelos se tiver, melhor se está na vida. Menos de vinte não é nada de especial. Mas cinquenta ou mais quer dizer que a pessoa é rica. Os camelos também são ótimas prendas de casamento.
6. E não é tudo. As pessoas fazem tendas e tapetes com pelo de camelo, e sacos e cordas com a sua pele. Até lavam o cabelo com chichi de camelo. Parece que dá brilho ao cabelo e mata qualquer piolho. Terás coragem de experimentar?
7. O leite de camelo tem imensas qualidades e é rico em vitamina C, uma vitamina indispensável. (Faz bem aos dentes e aos ossos. Se não te apetecer um copinho de leite quente de camelo antes de ires para a cama, também o podes encontrar nos frutos e nos legumes.) Pode beber-se simples ou fazer um apetitoso iogurte. Sabe um pouco como um creme de caramelo meio líquido. Vai uma colher?
A superfície do deserto pode parecer poeirenta e seca, mas debaixo do chão crestado pelo sol pode encontrar-se água. Basta saber onde procurar.
Mas tirá-la é que pode ser complicado. Podias cavar um poço (tinhas de cavar muito fundo). Ou, então, podias sentar-te e ficar à espera de que a água chegasse à superfície por vontade própria.
Eis a história da formação de um verdejante oásis, vista do interior.
1. A chuva cai sobre o solo (pode ser a quilómetros e quilómetros de distância) e entra por buracos minúsculos na rocha. A isto chama-se um aquífero. E como uma esponja rochosa gigante. (Não é muito boa para tomar banho.)
2. A água vai-se infiltrando no chão, toda contente…
3. até que chega a uma falha nas rochas e já não pode avançar mais. Então, é forçada a vir à superfície.
4. Bem-vindo a um oásis!
1. Encontras-te no deserto da Austrália e tens sede. O problema é que não há água em quilómetros ao redor. É então que ouves uma rã a coaxar. O som parece vir de debaixo do chão.
Dás-te ao trabalho de ir à procura da rã? Sim/Não.
2. No deserto do Sara aproxima-se uma diabólica tempestade de poeira. Não tens tempo de ir a correr para um abrigo, por isso decides enfrentar a tempestade até ela desaparecer.
Estás a proceder corretamente? Sim/Não.
3. Estás no deserto do Calaári com um grupo de caçadores San. Estás a seguir o rasto de um antílope quando vês um leão escondido nuns arbustos próximos. Não queres dar um grito de aviso porque o leão pode ouvir e atacar.
Os caçadores San têm uma gama de sinais com as mãos para estas situações. Este sinal é o correcto? Sim/Não.
4. Estás à procura de um lugar para armar a tenda e vês um vale de um rio (um wadi). Parece um bom sítio, plano e abrigado do vento.
Mas será mesmo um sítio seguro para acampar? Sim/Não.
5. O teu camelo está a portar-se muito mal e pedes ajuda a um pastor beduíno. Ele aconselha-te a deitar cuspo para dentro do nariz do camelo. Mas o camelo tem muito mau génio e sabe Deus o que ele fará se tentares fazer isso.
Atreves-te a seguir o conselho do beduíno? Sim/Não.
6. Que pouca sorte, o dia não te está a correr nada bem. O teu protector solar acabou e a tua pele delicada começa a ficar queimada. Ainda faltam dias para chegares a uma cidade onde te possas abastecer. O que podes usar em vez do protector solar?
Daria resultado esfregares na pele uma melancia? Sim/Não.
Vê aqui as respostas
Nuvens da chuva
Onde estaríamos nós sem elas? No deserto, claro! Queres saber por que é que os desertos são tão secos?
Porque lá não há nuvens de chuva. Areia e pedras, sim, palmeiras, talvez, camelos, provavelmente. Mas as nuvens de chuva são extremamente raras. E isto, por estranho que pareça, é o que as torna tão importantes.
Para saberes porquê, primeiro precisas de saber como se forma uma nuvem de chuva.
Então, por que é que não há nuvens de chuva no deserto? O problema é que o ar quente não tem possibilidade de arrefecer. O deserto é tão quente que o ar fica seco lá em cima. Por isso, é muito raro formarem-se as gotinhas de chuva. Mas não quer dizer que nunca chova no deserto. Vê o caso do recordista deserto de Atacama, para começar. Oficialmente, é o local mais seco da terra, até mesmo os geógrafos estão de acordo quanto a isso. Há zonas do deserto que passaram quatrocentos anos sem chuva (entre 1570 e 1971). Mas a chuva do deserto é tremendamente imprevisível. Quando, por fim, choveu, a água caiu sem parar, causando o caos e furiosas inundações.
Os Tuaregues são um dos povos mais famosos do deserto. Para se protegerem das vicissitudes do deserto tiveram que adaptar o seu estilo de vestir.
Nem todos os povos do deserto são nómadas como os tuaregues. Quero dizer, gostavas de estar sempre a mudar de casa? Se gostas tanto do deserto que não suportarias deixá-lo, por que não escolher um sítio agradável, à sombra, e assentar?